sexta-feira, junho 27, 2008

Alguns pensamentos apenas...

Sim, eu sei que me desregrei nesses últimos tempos.
Bebi demais, me joguei em noitadas demais, fumei demais, trabalhei demais, procurei por um amor demais...
O resultado é uma enorme bagunça de ponta a ponta nas coisas da minha vida,
Em todos os âmbitos...
E neste exato momento estou revendo meus conceitos.
Estou encontrando uma forma de trabalhar menos e produzir mais,
De beber menos e satisfazer minha necessidade de entorpecimento,
Parar de fumar porque esse é o verdadeiro veneno,
Desistir de viver um grande amor porque já tenho a plena certeza de que não há amor suficiente aqui dentro.
Eu confesso que meus objetivos são aqueles que poderão ficar para sempre,
Por isso não estou preocupado em agradar ninguém.
E não pretendo, nunca nesta vida, ter um emprego normal,
Nem fazer pose de bom-samaritano, com mulher descabelada e com roupa manchada de cândida,
E filhos mal educados correndo pela casa.
Eu quero ser junkie, mas um junkie comportado, com um pouco mais de limites e muito menos lágrimas de desabafo.
Não quero ser feliz porque não acredito na felicidade.
Quero estar contente com as coisas que vivo e faço, somente isso.
Não quero atravessar a vida me orgulhando do carro zero na garagem, do bom emprego e do bom salário,
enquanto, no âmago, eu queria ter sido um cantor de rock, ou poeta, ou filósofo, ou qualquer dessas coisas que a sociedade nos faz acreditar que é errado.
E se eu morrer como um poeta podre e ferrado, ainda assim, terei sido algo muito mais digno do que um advogado.

Adriano Pacianotto

terça-feira, junho 24, 2008

A balada chegou ao fim.

Sexta-feira, 20 de junho de 2008:

Predisposto a me embebedar desde cedo, só consegui tomar minha primeira cerveja às sete da noite, na frente do Hangar 110, e a segunda no boteco podre do outro lado da rua, onde o samba rolava solto. No Hangar era dia de Zona Punk Girls Tour (www.zonapunk.com.br), que acontece de 20 a 29 de junho com as bandas Hy-Fy, Condessa Safira, Lipstick, Killi, Mixtape e Fake Number, todas com vocais femininos. Queria ter ficado para assistir ao Killi, mas eles se apresentariam no mesmo horário em que eu já deveria estar em Itaquera, foi uma passagem rápida, para prestigiar o evento do Wlad, e encontrar gente bacana como a Jú do Killi e o Rulho, produtor do 35mls, que, por sinal, foi o cara que, há quase 20 anos, me apresentou os melhores lados B do Sisters Of Mercy.

Do Bom Retiro para a "Zona Lost", para a Altrobox, festa organizada pelo Nene Altro, para a minha primeira discotecagem da noite, no El Cafofo, que é um espaço cultural muito bacana e super aconchegante. Lá fiz um set com os 80’s mais viados dos mundo (rs), de Gary Neuman a Dead Or Alive. Uma pena ter que ir embora logo, mas deu tempo para um "docinho", meia dúzia de latinhas e fechar a discotecagem no Hangar, em julho, no aniversário de casamento do Nene e da Karina, com direito a show do Mal de Caim, banda paralela do Nene, que tem ainda o Edu (Das Projekt der Krummen Mauern) na guitarra, Valentim (Detroit/Outs) na bateria e Marcílio Silva no baixo, e que faz um gothic rock a lá Bauhaus, com letras em português, tudo registrado no primeiro álbum, Eurema Elathea, de 2006.

Arrancado quase pelo pescoço pela minha produtora, e "super-heroína", e jogado dentro de um táxi que quase nos atropelou, chegamos à Augusta em menos de meia hora, encontramos o Rulho pela segunda vez, agora levando uma banda para o Inferno, casa noturna que fica de frente para a Outs, e fizemos uma parada para o jantar, ou seja, mais cerveja e coxinha.

A Outs estava "abarrufada", vários amigos compareceram, e a casa tem um público fiel. O Valentim me recebeu muito bem, assim como toda a equipe de lá, e só tenho a agradecer.

Na cabine de som mais cervejas, outro "docinho", equipamento impecável e pista lotada, realmente curti discotecar lá. Foi um set de quase 3 horas, com de tudo um pouco, até uma seleção de rock nacional que incluiu Metrô, Uns & Outros, Cabine C, Legião Urbana e Tokio, não exatamente nessa ordem. No momento pós punk o destaque ficou para a dança com a cadeira do Sr. Humberto Finatti, ao som de Hong Kong Garden da Siouxsie & The Banshees, simplesmente SENSACIONAL! (rs) E em julho faço uma mini session na festa de aniversário da sua coluna no site da revista Dynamite, a Zap N’ Roll (www.dynamite.com.br), e aí será minha vez de escolher o som para dançar com a cadeira. (rs)

E falando em Outs, dia 6 de julho tem início o Alternative Sunday, projeto que realizo em parceria com a Japa (DaJapa Produções), que tem como propósito misturar balada alternativa com festival de bandas independentes, acontecendo simultaneamente nos dois ambientes da casa, e que a Outs, mais uma vez, recebeu de braços abertos. Será uma domingueira quinzenal onde vão rolar shows com bandas no andar debaixo, todas escolhidas a dedo, pelo critério da qualidade, e não da quantidade de venda de ingressos, e discotecagem no andar de cima.

Feliz da vida, cachê no bolso, cachaça na cabeça, "docinhos" na mente, um tombo na escada, de volta para a Penha, praticamente carregado, naquele ponto em que se quer, mais que tudo, ficar sóbrio, mas a bebedeira não passa, e dormir algumas poucas horas para encarar o terceiro rond...

Sábado, 21 de junho de 2008:

Lá vamos nós de novo! Às 2 da tarde começa mais um festival de bandas na Ska Skate Rock, com os atrasos de sempre, banda que não chega no horário combinado, banda que cancela show em cima da hora, equipamento que da pau, e todas essas coisas que só acontecem no "estranho mundo de ska" (rs). Destaque para as apresentações das bandas Izel, Rad, Tarde Demais e Open Bar, que merecem os parabéns pelo profissionalismo e qualidade, mas achei o acústico do Aditive (renomada banda da cena hardcore nacional) um tanto "pobrinho", só estavam o Sandro e o Serginho, com banquinho e violão, embora a apresentação tenha sido super empolgada e cheia de carisma.

Domingo, 22 de junho de 2008:

Um pouco mais descansado que no dia anterior lá estou eu, na Ska novamente, para mais um fest. As primeiras bandas não fugiram à barulheira desafinada de sempre, até a entrada do Copacabana Café, com seis integrantes se apertando entre uma quantidade enorme de equipamentos no pequeno palco da casa, com um som totalmente experimental, numa pegada de bossa nova com rock pesado, e de altíssima qualidade. Uma pena os equipamentos da casa não ajudarem, e olha que eu me esforcei para tentar fazer aquela PA funcionar direito, mas como ali o botão do agudo regula o grave, o do grave o médio e assim por diante, fica difícil deixar o som redondo. Quem quiser conhecer a banda é só acessar www.copacabanacafe.com.br, eu recomendo. Na seqüência veio o Akiles, com uma pegada rock nacional 80, só que com mais peso, e qualidade e competência notáveis; depois foi a vez dos gaúchos do Harmona, porrada na orelha, bons, simplesmente bons, sem falar na perseverança desses garotos que saíram lá da terra deles pra vir morar nesta cidade doida e tentar um espaço na cena hardcore de Sampa. Sejam bem vindos, no que depender de mim vocês terão muitos shows por aqui.

O encerramento do evento ficou nas mãos do Falante, banda revelação da cena underground em 2007, com um show acústico muito bem produzido, com iluminação e decoração especiais, uma sonoridade pop, porém muito bem feita, letras bem trabalhadas, músicos de reconhecida qualidade, e tudo redondinho (na medida do possível, por conta da PA mais "surreal" do mundo), para delírio da garotada que sentou na pista para assistir e cantar todas as músicas.

Fim do show: banda, público e organizadores praticamente expulsos da casa. Pô, trancaram os banheiros antes do final do evento, e todo mundo com mijaneira. Estendemos uma boa conversa na calçada, enquanto a banda, que teve de recolher os equipamentos com pressa para a casa ser trancada, tentava entender o que ia para onde, e onde estava o quê, tendo que espalhar no meio da rua um back line de, chutando baixo, uns 15 mil reais, numa rua deserta, na garoa, e um frio da porra. Sim, isto é uma crítica. A casa não se preocupou com a mijaneira de ninguém, com a segurança de ninguém, e me corrijam se eu estiver errado, mas eu acredito que o valor humano está muito acima do valor monetário, já que o dinheiro da venda dos ingressos já está no caixa, por que não dar em troca, pelo menos, uma recepção mais respeitosa àqueles que possibilitam a casa pagar suas contas? Enfim, parabéns a todos que participaram comigo desse fim de semana interminável, todos os que realmente fazem a cena underground existir, sobreviver e crescer, produtores de bandas e de eventos, DJs, organizadores, músicos, jornalistas, divulgadores e público, a "CENA" é nossa, sempre foi e sempre será.

Na Luta!

Adriano Pacianotto

quinta-feira, junho 19, 2008

UM POEMA VAGABUNDO

A vida cheia de surpresas
A mesa rodeada de amigos
O corpo controverso de carinhos
A dúvida entre os meus destinos

Hoje o dia é de ressaca
E de copos infinitos
Também camas surradas
E os corpos doloridos

Esperança tola
De que alguém me espere em casa
Para que eu não vague tanto
Por estas noites de mágoas

E essas drogas brancas
Não fazem em minha alma
Tanto estrago
Quanto a tua falta

15/02/08

quarta-feira, junho 18, 2008

Sentimentos de Lama e Línguas

Apenas arrependido, neste dia ensolarado
Por pensar em conseqüências
E esquecer-me de enxergar espelhos

Eu apenas não sabia o que fazer
Eu apenas não sabia o que dizer
Eu não queria ter te dito aquelas coisas...

Era medo apenas
De quem levou muita porrada
E se esqueceu que ainda há amor

E eu abri aquela porta
Acordando de um sonho estranho
Com gritos de Montanha Russa

Bolchevique de causa alguma
Que não a alma em desencanto
E mentiras mal contadas

Eu queria dizer que te amo
Eu quase disse...
Não é tão fácil como antes

A razão nos priva
O coração só sangue
E restos de histórias tristes

Ficam cigarros para o dia seguinte
Tragos de angústia
E dúvidas de suicídio

Pularia se tua janela fosse mais alta
Para nunca mais enxergar as luzes
Da cidade que me encanta

Eu queria muito
E ao mesmo tempo eu não sabia
Esquecer que já fui prantos

Eu sou humano
Não sou tão "puto"
Eu sinto muito

As provas que você pedia...
Não quero te magoar de novo
Mas magôo todo mundo

Perdões e absurdos
Ensaios cravando fundo
Espinhos n’alma sem escrúpulos

Que não trás qualquer vitória
Só derrama sangue sujo
No vazio de tua cama

Eu só pensei coisas estúpidas
Pensamento criminoso
Eu odeio ser injusto

Cópula de nossas lágrimas
Esgoto que rastejo imundo
Sentimentos de lama e línguas

Eu sou humano, apenas isso
E mesmo que me cortem as asas
Lanço vôos suicidas

22/05/2008

O PERFUME DA TRISTEZA BRANCA

Mil erros são pouco ainda
Para somar minhas noites sem sono
Os meus vícios, os meus amores, a cocaína
Você completa meus sonhos
Mas não quer sonhar comigo
Meu passado sem retorno
Meu presente sem futuro
24 horas sem descanso
Passo a vida a pedir socorro
Você me dá abrigo
Mas não sinto algum conforto
O que há de errado comigo?
Me deixa sonhar teus sonhos
Meu pesadelo é puro instinto
A vida já não traz encantos
O sangue escorre em meu rosto
Não consigo dormir
E a mentira é meu cotidiano
O dia é estranho
O sol sem brilho
Tão sem brilho os meus instantes
Socorro!
Alguém me salve de mim mesmo
Terça-feira de algum outono
Memórias sem encanto
O dia mais feliz do mundo
Será o dia em que estarei morto
Será o fim de todo este abandono
Que criei para o infinito
Um universo escuro e estranho
Dias de qualquer outubro
O carinho jogado aos cantos
Como restos de carne podre
Meus olhos ainda sangram
Por mágoas de dias distantes
Lancei-me ao mundo sem muita sorte
Cometi os pecados da carne
Lancei-me em precipícios
Minhas verdades já não dizem muito
Porque ninguém acredita comigo
A solidão me é um monstro
A presença que me engole a vida
Mas sei que não estou sozinho
Quem se ausenta é minha alma
Eu me sinto tão culpado agora
Que imagino já nem merecer as rosas
Decorando meu velório
Não mereço as tuas lágrimas
Nunca se culpe pelas minhas falhas
Meu coração nunca se acalma
Sou infeliz pra vida inteira
E não sei explicar a causa
Sou estandarte da revolta
Eu vou morrer à qualquer hora
E acho que já nem me importa
Obrigado pelo amor singelo
Que teu coração habita
Meu coração vive tão triste
Hoje é meu último dia

28/09/2004

segunda-feira, junho 16, 2008

Cinza, da cor desta segunda feira

Cinza, da cor desta segunda feira
Feridas cicatrizadas de cigarros perdas
A verdade é sempre a melhor saída
Também a mais dolorida

Encanto jogado ao vento
Sol que invade persianas
Contorna a nudez tão bela e branca
E o último gole pede adeus

Oito centavos, por uma noite
E meu corpo é tão covarde
Um sorriso, por uma vida inteira
E toda a minha amizade

Talvez eu morra muito antes
De conhecer a felicidade
Talvez eu lute para sempre
Mas agora já é tarde...

16/06/2008

domingo, junho 15, 2008

Uma longa noite amanhecida de vinho.

Tão estranho estar Domingo em casa, após uma longa noite amanhecida de vinho e passos na Paulista.
Eu queria entender todas estas sensações, esta culpa por sentir-me usado... talvez apenas bobagem, talvez uma verdade escancarada.
Será que realmente encontrei teus olhos? Ou meus olhos estão perdidos nalgum silêncio próximo?
Eu sei dividir amor e sexo, mas não sei conciliar palavras com meus gestos.
Ficou esta ressaca melancólica, remoendo velhas histórias, e remoendo os dias de hoje.
Eu senti saudades. Eu encontrei verdades em gavetas fechadas há anos. Eu assisti teu corpo branco, mas não consegui me entregar. Eu creio que estamos errando...
Eu sou uma tristeza longa e carregada de prantos, de traumas, e de feridas que ainda estão cicatrizando. Eu sou um coração esmigalhado, pedindo colo, pedindo um canto, e uma chance de viver de novo.

15/06/2008

sábado, junho 14, 2008

CARNE MOÍDA

O homem ficou ali
Indeciso entre esperar ou não o trem
Os olhos ainda cheios de lágrimas
A face sem vestígios de sorrisos
Esperar ou não?
Indagava-se o homem
O trem vinha vindo
VEIO!
Passou sem perceber sua presença
O homem estava deitado sobre os trilhos


06/02/1997

MADRUGADA FLUTUANTE

Hoje eu preciso de um conhaque
Para histórias que o tempo apaga
Eu preciso que alguém me ouça
Ou simplesmente me leve pra casa

Hoje eu preciso de luzes e cores
Preciso de um balcão tranqüilo
Preciso de tranqüilizantes
E longas trilhas de Leonard Cohen

Hoje eu queria morar nos teus braços
Quem sabe até correr tuas veias
Como álcool alucinógeno
E fulminar-te de overdoses

Hoje eu preciso dos teus lábios
Preciso de calor e colo
Hoje eu preciso dos teus olhos
Para as lágrimas cessarem

E tudo que tenho é outro conhaque
O sono me fechando os olhos
Na madrugada flutuante
Que diz que não estamos mortos

16/09/2006
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