sexta-feira, agosto 22, 2008

SONETO

Hoje, aqui, não posto versos,
Apenas, envergonhado, me confesso:
Me apaixonei por ti, meu céu tão belo.
E me declaro... E me despeço.

Hoje, aqui, não faço rimas.
Nada espero. Nada peço.
Escondo os olhos dos teus olhos,
Para não ver em mim o teu reflexo.

Não cabe em mim, de tão imenso,
O coração que bate desconexo;
Bate de amor, sombrio e tenso.

Perfuma a sala o doce incenso.
E o corpo, em busca do teu sexo,
Arde em fúria de desejo intenso.

19/08/2008

sexta-feira, agosto 15, 2008

A NOITE CHORA

Poema escrito aos meus 16 anos de idade, faz parte de um volume inédito com mais de 100 títulos escritos entre os anos de 1992 e 1994, intitulado "Versos Leprosos".


A NOITE CHORA

Pacto de sangue inocente
Jorra do pulso na parede
Árvores cantam a melodia
Sopra o vento gélido
Morte até o nascer do dia

A chuva chora
A noite chora
A morte me espera
É chegada a minha hora

Morte! Tão sonhada morte!
Os fracos o Demônio busca
No coração há um fundo corte
Tua visão a mim se ofusca

Olhos que a morte inspiram
O sangue cai em gotas
Sobre corpos que não respiram
E a chuva cai
E a noite chora

Morte para aliviar a dor
O Demônio me espera
E não existe o tal Senhor

Adriano Pacianotto - 1992

domingo, agosto 10, 2008

PULSO ENRUBRECIDO EM DORES

Acho que hoje vou precisar
De um poema de amor platônico
Para madrugada que virá
Com toda força de meu pranto

Me encorajo aqui e digo a verdade
Mas mentiria se me perguntasse
Se é você meu grande amor
Para preservar nossa amizade

E manteria os olhos baixos
Para esconder minha vergonha
E te pediria mil desculpas
Por nunca ter contado antes

Tenho medo dos dias vindouros
Desta depressão que está aumentando
Nada mais me trás consolo
E já não suporto você longe

Eu queria ser digno do teu olhar
E do teu beijo me acordando
Dos teus lábios, que nunca tive
Aquecendo o eterno outono

Porque você é o céu azul de meus dias longos
Você me traz pensamentos de querer-te tanto
Você é este silêncio que tornou-se incômodo
E que cedo ou tarde vai denunciar que te amo

Por isso estou distante
No vazio deste jardim sem flores
Neste agonizar febril e constante
Com o pulso enrubrecido em dores

Exausto de fantasiar amores
Agora penso no quanto eu te quis
E temo que em uma dessas noites
Eu te culpe por não ser feliz

E neste instante, nas pontas de meus dedos trêmulos
A navalha gélida deita em silêncio
A face horrenda no meu pulso esquerdo
E a coragem chega, enquanto o álcool anestesia o medo

Estou tão cansado de palavras duras
Estou cansado desta vida escura
Não preciso de mais drogas
Porque nem isso mais me acalma a angústia

Só tua presença me acorda à vida
Só teu sorriso me abranda e afaga
Só teu calor me preenche a alma
Mas não tenho esperança alguma

Você surgiu naquela tarde estranha
Em que o mundo desabou pra mim
Eu teria morrido naquele dia, juro!
Eu te devo a minha vida

Mas agora que você está longe
Que já não tenho teus sorrisos
Sou só criança desejando sonhos
E planejando o suicídio

Não chore. Não se culpe. Não traga lírios...
Meu caixão não terá alças
Minha cova será pobre e rasa
E seca de tuas saudades

E em minha boca selada e morta
Este segredo ficará guardado
E os vermes, ao devorarem meus olhos
Levarão o brilho deste meu desejo enorme

05/08/2008
Adriano Pacianotto
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