Acho que hoje vou precisar
De um poema de amor platônico
Para madrugada que virá
Com toda força de meu pranto
Me encorajo aqui e digo a verdade
Mas mentiria se me perguntasse
Se é você meu grande amor
Para preservar nossa amizade
E manteria os olhos baixos
Para esconder minha vergonha
E te pediria mil desculpas
Por nunca ter contado antes
Tenho medo dos dias vindouros
Desta depressão que está aumentando
Nada mais me trás consolo
E já não suporto você longe
Eu queria ser digno do teu olhar
E do teu beijo me acordando
Dos teus lábios, que nunca tive
Aquecendo o eterno outono
Porque você é o céu azul de meus dias longos
Você me traz pensamentos de querer-te tanto
Você é este silêncio que tornou-se incômodo
E que cedo ou tarde vai denunciar que te amo
Por isso estou distante
No vazio deste jardim sem flores
Neste agonizar febril e constante
Com o pulso enrubrecido em dores
Exausto de fantasiar amores
Agora penso no quanto eu te quis
E temo que em uma dessas noites
Eu te culpe por não ser feliz
E neste instante, nas pontas de meus dedos trêmulos
A navalha gélida deita em silêncio
A face horrenda no meu pulso esquerdo
E a coragem chega, enquanto o álcool anestesia o medo
Estou tão cansado de palavras duras
Estou cansado desta vida escura
Não preciso de mais drogas
Porque nem isso mais me acalma a angústia
Só tua presença me acorda à vida
Só teu sorriso me abranda e afaga
Só teu calor me preenche a alma
Mas não tenho esperança alguma
Você surgiu naquela tarde estranha
Em que o mundo desabou pra mim
Eu teria morrido naquele dia, juro!
Eu te devo a minha vida
Mas agora que você está longe
Que já não tenho teus sorrisos
Sou só criança desejando sonhos
E planejando o suicídio
Não chore. Não se culpe. Não traga lírios...
Meu caixão não terá alças
Minha cova será pobre e rasa
E seca de tuas saudades
E em minha boca selada e morta
Este segredo ficará guardado
E os vermes, ao devorarem meus olhos
Levarão o brilho deste meu desejo enorme
05/08/2008
Adriano Pacianotto
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