quarta-feira, junho 18, 2008

O PERFUME DA TRISTEZA BRANCA

Mil erros são pouco ainda
Para somar minhas noites sem sono
Os meus vícios, os meus amores, a cocaína
Você completa meus sonhos
Mas não quer sonhar comigo
Meu passado sem retorno
Meu presente sem futuro
24 horas sem descanso
Passo a vida a pedir socorro
Você me dá abrigo
Mas não sinto algum conforto
O que há de errado comigo?
Me deixa sonhar teus sonhos
Meu pesadelo é puro instinto
A vida já não traz encantos
O sangue escorre em meu rosto
Não consigo dormir
E a mentira é meu cotidiano
O dia é estranho
O sol sem brilho
Tão sem brilho os meus instantes
Socorro!
Alguém me salve de mim mesmo
Terça-feira de algum outono
Memórias sem encanto
O dia mais feliz do mundo
Será o dia em que estarei morto
Será o fim de todo este abandono
Que criei para o infinito
Um universo escuro e estranho
Dias de qualquer outubro
O carinho jogado aos cantos
Como restos de carne podre
Meus olhos ainda sangram
Por mágoas de dias distantes
Lancei-me ao mundo sem muita sorte
Cometi os pecados da carne
Lancei-me em precipícios
Minhas verdades já não dizem muito
Porque ninguém acredita comigo
A solidão me é um monstro
A presença que me engole a vida
Mas sei que não estou sozinho
Quem se ausenta é minha alma
Eu me sinto tão culpado agora
Que imagino já nem merecer as rosas
Decorando meu velório
Não mereço as tuas lágrimas
Nunca se culpe pelas minhas falhas
Meu coração nunca se acalma
Sou infeliz pra vida inteira
E não sei explicar a causa
Sou estandarte da revolta
Eu vou morrer à qualquer hora
E acho que já nem me importa
Obrigado pelo amor singelo
Que teu coração habita
Meu coração vive tão triste
Hoje é meu último dia

28/09/2004

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