Ontem foi o Dia Mundial do Rock, e tudo que vi foi uma exaltação vazia de felicidade, comportada e obediente, num reles protocolo de data comercial. Não vi, dadas raríssimas exceções, nenhuma crítica, nenhuma atitude, nada fora da caixinha. Na minha humilde opinião, nada temos a comemorar, o rock está um saco, repetitivo e descartável (e faz tempo). Há atualmente algumas ótimas bandas no cenário independente nacional e internacional, mas são pouquíssimas diante da enxurrada de merda sonora rolando por aí. Falando especificamente do Brasil, há menos ainda a se comemorar, visto que temos um cenário musical medíocre, cheio de ego e pouco talento, e ainda por cima com um público que não valoriza a verdadeira essência do rock'n'roll, que se assusta com tudo que foge à sua estreita compreensão. Vamos comemorar o quê? Que no Brasil, por exemplo, se paga caríssimo num ingresso de parquinho de diversões enquanto os independentes permanecem marginalizados porque não estão na Globo? Não há o que comemorar. Rock é atitude, mas só restou pose e cartilha de tiozão. É preciso incendiar novamente o mundo! Mas me parece que os roqueirinhos de hoje estão com medo da mamãe.
Aqui todo dia é dia do rock, faz parte do meu trabalho, da minha rotina, e realmente não entendo toda essa exaltação por um moribundo que se depender de seu próprio público não vai servir nem pra adubo. Não devemos comemorar, mas sim refletir e lutar para reverter essa triste situação. Mas infelizmente me parece que a coisa tem que piorar ainda mais para que o rock acorde e reassuma a sua verdadeira função. Nos resta o underground, a marginalidade e todas as restrições. Nos resta o amor ao verdadeiro rock'n'roll, mesmo que em poucos corações.
Na LUTA!
Adriano Pacianotto