quarta-feira, julho 06, 2016
Ninguém
(Poema de Roberto Lessa, do livro "Pastor de Estrêlas" - São Paulo, 1963)
Pela estrada da vida vão correndo
Os corações - uns pretos outros brancos -
Mas eu, sentado à beira dos barrancos,
Fico olhando o cortêjo se movendo.
Uns vão sorrindo os outros vão sofrendo,
Uns devagar os outros aos arrancos.
Mas eu, nos meus improvisados bancos,
Apenas olho a procissão morrendo.
E à margem dos caminhos hoje estou,
Sem a cabeça levantar sequer.
Não sigo êsse cortêjo que passou,
E nem seguir a procissão quisera:
Não tenho rumo pois ninguém me quer,
Não tenho pressa pois ninguém me espera.
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