quarta-feira, outubro 14, 2009
ROLETA RUSSA
Nesta madrugada, jogado no sofá, com gripe, passando a TV de canal em canal pra tentar algo que preste (o que é praticamente impossível) parei no canal Futura, que por incrível que pareça é da Globo mas tem ótima programação.
Um filme já começado, o qual reconheci em 3 segundos, fazendo meu coração palpitar. Era a versão para a TV, de 2002, para Dr Jivago, do livro homonimo de Boris Pasternak.
Tudo acontece na Russia revolucionária, não lembro exatamente, mas acho que compreende ao período da Primeira Guerra, passando pela Revolução até o período dos expurgos.
A cena que peguei de cara foi a da guarnição bolchevique, da qual o médico e poeta Iuri Jivago faz parte, chegando a uma vila devastada onde, pendurados ao telhado de uma cabana, estão um braço e uma perna decepados, pertencentes a um partidário da revolução que ainda está vivo, agonizante. Jivago, sem mais uma gota de morfina para aliviar a dor do "camarada" o vê morrer em seus braços; em seguida um dos rebeldes, que levava os filhos consigo, assassina-os a tiros, por medo de que possa acontecer algo parecido a eles, e em seguida atira na própria cabeça. É nesse momento que Jivago deserta e volta para os braços de seu grande amor, Lara, e desiste da Revolução.
Essa cena, embora já tivesse assitido antes, teve um grande impacto em mim. Acho que me vi desnudo na figura de Jivago, que inicialmente foi fervoroso partidário do socialismo soviético, mas que percebeu que no poder não há amor, não importa o lado, é sempre o povo que padece, jogado na miséria, na fome e na desgraça.
Eu tenho sentido vontade de desertar, desitir da luta, e apenas viver o amor verdadeiro. Estou dividido, e também muito exausto.
Não sei que decisão tomar... talvez, no bom e velho estilo russo, eu dê um tiro nos miolos e acabe com tudo.
Na LUTA! (?)
Adriano Pacianotto
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