quinta-feira, outubro 15, 2009
Robespierre Aos Vermes
Ela disse, pra variar, numa mesa de bar:
“Quando você fala eu ouço poesia”
E nesse momento pensei em todos os meus amores
E em todas as palavras não ditas...
Outra cerveja, e velhos amores enchendo copos
Tim tim! Um brinde ao meu coração que cessou de doer agora!
Calado, pensei:
“queria amar você...”
Pinheiros não sei das quantas C
Não me lembro do número
Foda-se, isso não importa
No assento vazio ao lado
Seguia uma lembrança
Que tinha quase mãos dadas
E perfume de fim de tarde
Desci sem sequer um beijo de adeus
No meio da Praça da República me esperava outra lembrança...
Sisters of Mercy e adolescência
Dias de aventuras
Vivos
Pulsando
Doía tanto, mas doía menos
Acho que ainda havia esperança
Ou inocência mesmo
Acho que tudo era mais verdadeiro
Eu não sabia nada sobre verdades naquele tempo
Amanhã acordarei bem cedo
Ou pelo menos tentarei
E terei uma tarde ensolarada
De calor e de ressaca
Estação Tatuapé do Metrô
Formigueiro sem educação
Pisoteia aqui, pisoteia ali
Bem-vindo ao Inferno
“Estamos indo de volta pra casa”
Eu tinha uma pessoa especial
Que sonhava sonhos diferentes
Eu tinha um desejo louco de carne e lábios
Mas que morreu de fome e sede...
E continuo a não saber nada sobre verdades
Eu errei e fui pra guilhotina
Mas não fui Robespierre
Não fui herói de porra alguma
Tudo que fui será entregue aos vermes
Adriano Pacianotto
Maio de 2008
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