sexta-feira, maio 08, 2020

DOI-CODI




DOI-CODI
(Adriano Pacianotto)

Nove e trinta
Um grito
Eletricidade e afogamento
E ameaças pavorosas
Aos que pensam livremente
Mas ninguém havia entrado
Para elucidar desterros
Preferiram moer gente

Dez e trinta
Um slogan
Dedos roxos e unhas verdes
Restos num saco preto
E nenhum túmulo aparente
Pois ninguém havia estado
Ali para marcar o enterro
Estavam controlando mentes

Onze e trinta
Uma música
O Hino dos Excludentes
Que deixou um mal sem preço
Mas ninguém havia tentado
Fingir que estava vendo
Estavam na antessala
Do hospício brasileiro


1 comentários:

Érico Marin disse...

Versos agressivos para um capítulo agressivo da nossa história. Interessante a maneira como você aliou as paisagens e imagens típicas da sua poesia com o tema que decidiu tratar. A visão de pesadelo da tortura revela a proporção da injustiça de outros tempos (?). Show!

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