terça-feira, abril 21, 2020
Capitão Macabro na Terra do Diabo
Capitão Macabro contra a quarentena
A ignorância é a pior doença
Pústula das ruas vindo a nós
Vírus e vermes ditam a sentença
De que por eles morreremos sós
Louvor de gado pelo abate
Pelo pasto cada vez mais pobre
Vivemos tempos venenosos
Sem nada mais de belo e nobre
Os cães do estado são raivosos
Um novo Nero sonha em Roma
Pesadelo que incendeia a todos
Um Ser nefasto que acende a tocha
O povo atônico induzido ao coma
E corações se transformando em rocha
Sinistro ar de arquivo morto
Sem espaço para tantas covas
Bravatas pisam o país faminto
Num alarido de caráter torto
Que faz daqui um labirinto
E quem viver para contar a história
Verá a latrina que enfim transborda
O velho caldo de sepulcro e bosta
Verá o gigante que jamais acorda
Pois esse é o jeito que o diabo gosta
Adriano Pacianotto - 20/04/2020
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1 comentários:
Inicialmente, tenho que agradecer por ainda fazer parte da sua lista de e-mails. Segundo, nunca que mandaria um e-mail me pedindo para ser excluído. Afinal, se fizesse isso, perderia a oportunidade de ler um poema do quilate desse seu "Capitão Macabro na Terra do Diabo". Ainda reconheço aquele Adriano de muito tempo atrás, mas agora seu machado está mais afiado e a melodia mais certeira. As imagens ainda são intensas e perturbadoras e embrulham a mensagem em um pacote hipnótico. Acredito reconhecer o Capitão Macabro e o cenário da peça lírica que você compôs e sua lira tornou o momento uma obra poética inspirada. Um poema social que revela o timbre áspero e ácido dos seus versos. Sim, "a ignorância é a pior doença" e já estamos ficando "sem espaço para tantas covas". Bela observação. E a conclusão, sem concessões, foi ótima - um petardo lírico sem medo de chamar as coisas pelos nomes que elas têm. E, resumindo, parabéns. Espero receber mais e-mails avisando de novas publicaações aqui.
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