quinta-feira, abril 30, 2020

Nem Luto Nem Memórias



Não tenho a prepotência da verdade
Não me compram as religiões fatídicas
Se sorrio ou choro isso nada importa
Quando enfim chegar a minha hora

Quando o óleo da engrenagem seca
A vida cessa e ninguém chora
Tanto quanto a própria alma
Arrependida do agora

Não tenhas a prepotência da verdade
Não te vendas às religiões fatídicas
Se sorris ou choras isso nada importa
Quando enfim chegar a tua hora

A carne estraga
A madeira estraga
As flores morrem
E o perfume acaba

Profanarão teu túmulo sem nenhum remorso
E sem remorso demolirão tua casa
Nem teu nome restará na placa
Roubarão o bronze e até tuas calças

Pois o mato cresce e o mundo esquece
A terra enterra e o sol se apaga
Nenhuma visita te trará uma prece
Nem suspiro leve de lembrança vaga

Não tenhas a prepotência da homenagem
Ninguém saberá teu nome nem tuas datas
Não lembrarão de ti ao redor da mesa
Em que a tua infância foi amada

Teus pais terão morrido
Também teus filhos e as histórias
Terá teu tempo se esvaído
Não terás luto nem memórias

Não tenho a prepotência da verdade
Não me compram as sanhas políticas
Se reclamo ou clamo isso nada importa
Quando pesarem séculos sobre a minha cova

A seiva dos sonhos terá secado
Todos os sonhos serão esquecidos
E nossos ossos deitarão no ossário
Sem vestígios dos dias vividos

Adriano Pacianotto
21/04/2020

terça-feira, abril 21, 2020

Capitão Macabro na Terra do Diabo



Capitão Macabro contra a quarentena
A ignorância é a pior doença
Pústula das ruas vindo a nós
Vírus e vermes ditam a sentença
De que por eles morreremos sós

Louvor de gado pelo abate
Pelo pasto cada vez mais pobre
Vivemos tempos venenosos
Sem nada mais de belo e nobre
Os cães do estado são raivosos

Um novo Nero sonha em Roma
Pesadelo que incendeia a todos
Um Ser nefasto que acende a tocha
O povo atônico induzido ao coma
E corações se transformando em rocha

Sinistro ar de arquivo morto
Sem espaço para tantas covas
Bravatas pisam o país faminto
Num alarido de caráter torto
Que faz daqui um labirinto

E quem viver para contar a história
Verá a latrina que enfim transborda
O velho caldo de sepulcro e bosta
Verá o gigante que jamais acorda
Pois esse é o jeito que o diabo gosta

Adriano Pacianotto - 20/04/2020

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