domingo, outubro 31, 2010
CÁLICES DE DOR E VINHO
Venho de outros tempos
De estranhos sentimentos
De dias de um chorar sereno
Por amores remoídos
De porres de tormentos
Em cálices de dor e vinho
A carne em brasas e espinhos
O coração quase morrendo
O luto me vestindo
E me despindo de alentos
O teu silêncio responde meus gritos
De desespero pelos teus sorrisos
Prostitutas se servindo
Em grandes taças de veneno
Que embriagam e inspiram
Poesias de desejo e instinto
E longos mergulhos em abismos
Que nos fazem sentir livres
Num jardim de flores podres
De terra amarga e improdutiva
Enterrei todas as dores
E as promessas não cumpridas
Nunca mais sentir perfumes
Que enganam a alma e a vida
A saudade esquecida
Na alcova escura e fria
Onde moram meus temores
Que vez ou outra ressuscitam
A face horrenda e hedionda
Da angústia que dormimos
Agora vivo outros ardores
A convivência dificílima
Mas a paixão conforta e instiga
O coração que desconfia
De todo afago que se intima
Por medo de sofrer de novo
Mas você, minha querida
Será minha eterna amiga
Companheira destemida
Desta luta violentíssima
Que travo com meu mundo oculto
Muitas vezes te fazendo vítima
Adriano Pacianotto
26/06/2006
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