quarta-feira, junho 09, 2010
Queria Ser O Charles Bronson!
Ele era o menino pobre, que tinha sonhos e vontades, e nenhum dinheiro no bolso. Ele era rodeado de hipócritas, que compunham o "núcleo rico da novela das oito", e no Natal ele se sentia morto. Ele ganhava poucos presentes, mas queria o brinquedo novo da propaganda da Globo, como toda criança de 10 anos, mas Papai Noel era um velhinho escroto que amava a poucos.
Eram os anos 80, todos queriam um Atari, mas ele queria mesmo era incendiar a casa da Barbie.
Ele queria aquele sorvete da Kibon, aquele que custava caro, aquele que ele nunca experimentou.
Eram os anos 80, e o Rambo acabaria com os "vietcongs", assim como o 007 já vinha, há tempos, salvando o mundo dos comunas malvados. Ele queria mesmo era ser o Charles Bronson!
Ele cresceu com uma revolta que o foi tomando aos poucos. Ele se tornou um utopista fervoroso, que queria um muro longo e companheiros dedicados, dispostos a mudar o mundo. Não, ele não tinha pena de quem pisava nos outros, ele sabia como era ser pisado. E um dia, num desses livros empoeirados, ele viu o mundo dos seus sonhos, e encontrou a voz para o seu ódio. Ele não odiava os Homens, odiava o que eles haviam se tornado. Ele sabia que, uma vez enraizado no peito o egoísmo exacerbado, o Homem se tornava um problema incurável, e então desejou matá-los.
Quando se cala aquele que corrompe por vaidade, não se comete assassinato, comete-se justiça.
Ele sabia que o bem e o mal eram meros frutos da sociedade, e que a maioria era criado para não amar ao próximo, ou para amar desde que o próximo não levasse vantagem. Ele também sabia que Deus não existia, era a mesma merda que Papai Noel, e menos divertido que Atari. Ele sabia que não podia esperar nada cair do céu, e que rezar era o ato santo dos covardes. Ele sabia que o bom homem não era o homem de Deus, mas o homem da comunidade. E ele sabia, mais que tudo, que havia escolhido o "caminho errado", um caminho sem mentiras, nem Senhores, ou milagres.
Na LUTA!
Adriano Pacianotto
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