ESTATÍSTICAS
(Adriano Pacianotto - Julho/2020)
Despede-se a alma escura
Na esquife dos excluídos
Só, ante a sepultura
Sem fé vai seguindo à míngua
E esvai-se em tanta amargura
Despacho sanitarista
Em dias de horror e fúria
Sem vela nem sino e pompas
Segue em burocracia astuta
Enquanto o caixão trepida
Na maca enferrujada e bruta
Na maca enferrujada e bruta
E segue lacrado e lúgubre
À vala coletiva e surda
Enquanto a escavadeira ruge
Qual monstro que semeia tumbas
Enfim silêncio e obituário
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