Atacam-nos com fúria insana
(Intolerância conservadora)
Lançam-nos à margem
Na esperança inquisidora
De que obedeçamos à risca
Toda a pura ignorância
Da família tradicional fascista
E suas igrejas milicianas
Erguem o Alfarrábio Santo
Repleto de embuste e sangue
Apontam-nos como pecadores
Neste instante de maldade
Em que o insano é a realidade
E a fogueira dos pastores arde
Em busca de opositores
Deus abençoou a pólvora
E escolheu o senhor da morte
Como seu representante
Ao entortar linhas notórias
O caminho traçado da bala
Não atinge a carne nobre
Segue a velha trajetória
Contra o negro, o índio, o pobre
Messias demoníaco
Com seus cães conspiradores
Com seus traumas freudianos
E matilhas de censores
Defendendo a terra plana
E o ódio aos amores
Nessa nova guerra santa
Que transforma Cristo em arma
Os juízes em farsantes
E a Justiça em mera trama
(Adriano Pacianotto - 09/12/2019)
1 comentários:
Fico muito feliz que você ainda esteja escrevendo. Vi muita gente ficando pelo caminho, acreditando que poesia é coisa de certa época da vida... E percebo como seus versos agora se dirigem para o exterior, para esse panorama estranho que vivemos. Povoando esse poema estão os monstros paradoxais da "intolerância conservadora", da "esperança inquisidora", "a família tradicional fascista", "as igrejas milicianas". Gostei muito da maneira como você transformou estas antíteses sutis em versos e mostrou o uso indevido que fazemos das coisas. "Deus abençoou a pólvora" é um belo verso. No final das contas, nesse seu "Messias Demoníaco" você desenha com rimas e ritmo um momento confuso e um flash dos nossos Tempos Líquidos.
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