Foto: Adonis Guerra - Instagram: @guerraadonis
Não sou cientista político, tampouco especialista em área jurídica, mas trago comigo o conhecimento dos livros e uma dose extra de livre arbítrio. Não sou "dono da razão" e não carrego na mente a verdade do mundo. Mas tenho minha postura e convicção. Não exijo (e isso seria por demais antiético e antidemocrático) que concordem comigo, porém, valendo-me do direito constitucional à livre expressão, posiciono-me publicamente à favor do ex-presidente Lula no que entendo como um processo arbitrário de perseguição político-ideológica, assim como posiciono-me também contra todas as arbitrariedades cometidas no processo de impeachment da presidente Dilma.
Não se pode punir fora das normas constitucionais e sem provas concretas; não pode um juiz atropelar as instâncias superiores; uma ministra votar contrariamente à própria decisão; o alto comando das Forças Armadas ameaçar o Judiciário; a Justiça ser mouca diante de certos nomes... Tudo isso apenas demonstra que não há um processo justo contra Lula (como também não houve contra Dilma).
Não foi a corrupção do PT que desencadeou tudo isso, pois esse é um problema endêmico no Brasil, com raízes profundas e que atinge todos os partidos políticos e instituições desde sempre - foram as conquistas sociais (que, como sempre, são combatidas por golpes, como bem se registra na História do Brasil). Nenhum avanço social é permitido na "República das Bananas". Há um elitismo escancarado que faz todo desfavorecido ser vagabundo ou bandido na boca do tal "brasileiro médio", que em grande parte não se coloca na condição de povo, mas sim, num pedestal de fundamental importância para a economia do país, sem se dar conta de que também é pobre e mera engrenagem (facilmente substituível) de um sistema de privilégios que nunca o beneficiará. São, na realidade, um bando de "gersons" disfarçados de cidadãos de bem querendo uma fatia do bolo. É esse pensamento egoísta que essa parcela expressiva da massa brasileira tem que permite, de tempos em tempos, a ascensão do autoritarismo e o protecionismo às elites (das quais o "brasileiro médio" não faz parte mas acha que faz). É essa parcela do povo que simpatiza com discursos de ódio e soluções imediatas através da força. É esse tipo de gente que aplaude tanques de guerra, mas que, no fundo, são apenas pessoas tristes em busca de um culpado para as suas mazelas.
Diante dessa situação vexaminosa acredito que só é possível reverter (mesmo que em parte) esse retrocesso, com o fortalecimento do pensamento democrático e com a conscientização da importância fundamental do respeito aos direitos básicos de todo cidadão. E na minha visão a esquerda é o único caminho para a defesa da nossa frágil (quase moribunda) democracia.
É nesse ponto que a prisão de Lula se fez imensuravelmente importante. A esquerda brasileira, que estava esmorecendo, mostrou a cara, uniu-se e assumiu uma aliança de resistência contra a perseguição político-ideológica que iniciou-se nos andares de cima e segue ferozmente contra as bases populares.
É hora de nos unirmos em prol de uma Luta maior, de uma Ideia maior. E Lula é, sim, essa Ideia! Não há como apagá-lo ou desmoralizá-lo perante a História. O ódio nunca vence. Aqueles que bradaram pelo linchamento, tomados pela gana cega e pela prepotência que lhes faz parte do ego, comemoraram vitória antes do tempo e com isso romperam a linha tênue que separa a vítima do carrasco. Agora Lula é maior do que nunca. Prendê-lo, matá-lo ou absolvê-lo dá tudo na mesma, pois a injustiça pode transformar o vilão em herói. E o que posso concluir a respeito é que toda essa perseguição fortaleceu-nos, e a prisão de Lula, indubitavelmente, encorpou nossas fileiras e reacendeu-nos a chama vermelha no coração.
Na LUTA!
Adriano Pacianotto
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