segunda-feira, maio 27, 2013

Solitário - Augusto dos Anjos



Como um fantasma que se refugia
Na solidão da natureza morta
Por trás dos ermos túmulos, um dia,
Eu fui refugiar-me à tua porta

Fazia frio e o frio que fazia
Não era êsse que a carne nos conforta...
Cortava assim como em carniçaria
O aço das facas incisivas corta!

Mas tu não vieste ver minha Desgraça!
E eu saí, como quem tudo repele,
- Velho caixão a carregar destroços -

Levando apenas na tumbal carcaça
O pergaminho singular da pele
E o chocalho fatídico dos ossos!

Augusto dos Anjos (1884 - 1914)

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