Como um fantasma que se refugia
Na solidão da natureza morta
Por trás dos ermos túmulos, um dia,
Eu fui refugiar-me à tua porta
Fazia frio e o frio que fazia
Não era êsse que a carne nos conforta...
Cortava assim como em carniçaria
O aço das facas incisivas corta!
Mas tu não vieste ver minha Desgraça!
E eu saí, como quem tudo repele,
- Velho caixão a carregar destroços -
Levando apenas na tumbal carcaça
O pergaminho singular da pele
E o chocalho fatídico dos ossos!
Augusto dos Anjos (1884 - 1914)