Flores de Finados - Érico Marin
Poema antigo, "gotiquera", que eu achei vasculhando arquivos empoeirados em busca de material para a sequência de zines que irei lançar a partir deste mês. As imagens das capas são assinadas pelo Érico Marin, que fez desenhos e colagens inspirados em alguns de meus poemas.
DEVANEIO DE UM NECRÓFILO
Acordo, encontro um túmulo
Me levanto e grito
Todo o meu desespero estúpido
Caminho - ninguém por perto
Há uma chuva muda
E um mausoléu deserto
Encontro um corpo e o amo frio
Entre genitais e vermes
Um amor vazio
E fico sonhando ter alguém a meu lado
Um desejo vivo em um sonho morto
Que deseja um corpo em silêncio gelado
Acordo no fim de tudo
Paredes sangram e vermes me inundam
Eu grito em silêncio o meu choro mudo
E fico sonhando o frio de estar morto
Para ouvir na noite um grito calado
Para gritar na alma o silêncio
Para habitar contigo este túmulo vazio
1993
Adriano Pacianotto
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