quarta-feira, agosto 11, 2010

Com os Dedos Sujos de Poeira


Saquei o The Top, do The Cure, de um bolo de discos bagunçados que estou tentando, há meses, passar para mp3, e o devorei até a última gota de minhas lembranças suicídas.

Gosto de brincar de "esconde-esconde" com minhas coisas preferidas, e tomar aquele susto ao encontrá-las por cantos improváveis e esquecidos.

Saboreei o cheiro antigo, com os dedos sujos de poeira, e engoli os estalidos do vinil do mesmo jeito que os deixara há tempos, quando buscava loucamente essas canções em dias frios.

Mas a vida ficou sem graça, minhas histórias repetindo palavras, e tudo que me dava prazer ficou mecânico - peça supérflua do cotidiano...

Quero mudar tudo isso. Quero aquele coração vivo de mistérios de novo, cheio de perfumes, momentos importantes, e uma delicadeza poética e repleta de sonhos... Quero colher estrelas e escorregar num céu de outono!

Por isso joguei meus afazeres pro alto, e deixei de lado tudo que era tolo e irremediavelmente chato...

Havia muita coisa descartável ocupando lugares importantes por aqui.

Adriano Pacianotto

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