quinta-feira, julho 08, 2010

Como quem procurava por alguém que desaparecera há tempos


Foi um sonho estranho, eu entrava apressado em uma velha casa com um longo corredor repleto de musgo, envolto por um jardim abandonado onde há muito não havia flores. Ventava muito, e o céu era frio como um cadáver. Eu corri como quem procurava por alguém que desaparecera há tempos, escancarei a porta desbotada e encontrei a sala deserta, empoeirada, com as cortinas devoradas por traças. Alguém morrera alí, eu sabia, e um grito tentou sair, mas nada houve a não ser silêncio. Eu senti o cheiro do mofo impregnado nas paredes e, estranhamente, eu me senti feliz. Pela porta entreaberta do outro cômodo, meu corpo, sereno, descansando para sempre.

07/07/2010
Adriano Pacianotto

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