terça-feira, março 16, 2010

Divã Gratuíto


Estou aqui rodeando o teclado em busca de algo interessante para escrever, mas percebo minha vida muito comum nestes últimos tempos e, definitivamente, eu não gosto nem um pouco desse cheiro de vida normal. Entendo que foi preciso mudar bruscamente minha rotina e meu comportamento, por uma mera questão de sobrevivência, mas já está na hora de retomar um pouco das coisas bacanas da vida, ou vou terminar meus dias escrevendo um blog de piadas sobre Impostos de Renda ou algo tão interessante quanto.

Ter me afastado da "noite alternativa" foi a mais sensata decisão que eu poderia ter tomado, que vai muito além de uma questão de saúde, está mais para uma limpeza da alma.

A "noite" estava me fazendo mal - um campo de guerra com muitos tapetes puxados e punhais cravados e muitas costas.

Não tenho saco pra isso, pra ficar jogando o tempo todo, disputando carniça com os ratos.

Isso me cansou de tal forma que me fez retomar meu ofício de corretor, e exercê-lo com um prazer que me foi surpreendente.

O maior benefício dessa mudança foi o tempo e saúde que preservei, que permitiu me dedicar mais ao meu trabalho como poeta e escritor (que é minha verdadeira paixão) e meu relacionamento com minha namorada.

Eu demorei 15 anos pra perceber que a "noite" foi apenas uma forma de sobrevivência, já que a literatura é um ótimo caminho para a fome. Eu me tornei DJ e produtor de eventos por dinheiro, por necessidade, e sempre tentei embutir a literatura e a arte nesse trabalho, na esperança de dar a ele algum sentido, e tudo que consegui foi exemplificar em atos o velho ditado "jogar pérolas aos porcos".

A arte não é tão interessante quanto uma carreira de cocaína ou as calças coloridas dalgum cantor de merda.

Tudo que sei é que fui colecionando uma legião de amigos falsos, de gente que só me procurava quando precisava levar alguma vantagem, e, conforme fui negando, foram me chutando e procuranto outros otários.

Claro que há muita gente verdadeira, uma boa quantidade de gente admirável, mas a quantidade de gente podre é bem maior, e eu não estou mais a fim de participar desse mundo de mentiras.

O DJ da festa vale para o público o VIP que traz no bolso, e para casa o cachê miserável que lhe pagam.

Resultado: um bando de gente desqualificada, sob o título de "DJ", tocando sets manjados em troca de pinga, para um pista que mal conhece hits de rádio, tirando o emprego dos que realmente trabalham.

Esse mundo não é para mim! Me chamem de implicante, mas eu tive outra formação, minha escola foi base de muito que existe hoje no underground, mas tudo que existe hoje está ruindo, em declínio constante, denegrido por medíocres disputas de egos e gente corrompida por qualquer trocado.

Havia uma coisa chamada RESPEITO. Isso não existe mais.

Mas, enfim, vim aqui para falar que ando entediado, que preciso que o sangue ferva nas veias, e acabei deitado num divã.

O tédio é passageiro, consequência de ter que botar o pé no freio, ficar "bonzinho" pra colocar a vida nos eixos.

Eu me estipulei um prazo para reconstruir minha rotina, e agora, com a proximidade do fim desse prazo, tenho explodido de ansiedade, apenas isso. Freud explica... ou um psicólogo explicaria pelo meu dinheiro...

Prefiro aqui que é "de gratis".

Na LUTA!
Adriano Pacianotto

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