segunda-feira, dezembro 14, 2009
RAIO X
Três da manhã, Nick Cave de fundo, após uma longa briga com uma barata voadora que parecia ter cheirado 10g de cocaína.
Estou completamente sem sono, tentando organizar minha escrivaninha entulhada de papeis, enquanto os cigarros se amontoam próximos à caneca vazia que descansa sobre um poema sujo de café.
Fim de ano me deixa reflexivo. Antigamente me deixava triste. Tinham coisas mal resolvidas dentro de mim. Hoje me sinto em paz, mesmo com a vida cheia de problemas... E pensar que passei quase duas décadas planejando suicídio. Hoje não penso mais nisso...
Eu costumo fazer um exercício simples de autoconhecimento, acho que já escrevi sobre isso: pego uma folha em branco e divido em duas partes, numa escrevo as coisas que me agradam, na outra as que me desagradam. Chamo isso de "Raio X da alma". É a melhor forma que encontrei de organizar meus pensamentos e sentimentos, e a partir daí tomar minhas decisões.
Fiz esse "raio X" focado nos dois últimos anos, e cheguei a conclusão de que este foi um ano de muito aprendizado e de muitas conquistas, já o outro foi uma lástima.
Este ano pessoas mal intencionadas sumiram da minha vida, dei mais importância ao que me faz bem, e descobri que essa gente má, capaz de qualquer coisa pra conseguir o que quer, estava muito perto de mim.
Nunca puxei o tapete de ninguém, por isso não tolero esse tipo de gente. Eu sou do tipo que fica feliz com pequenos gestos, com coisas simples, que dá atenção para as coisas pequenas. Sou do tipo que só quer o que é seu, e que divide o pouco que tem.
Eu gosto de churrasco com os amigos, de bater papo de madrugada, de ouvir Jesus & Mary Chain. Eu gosto de café da manhã com pão de queijo na companhia da minha namorada. Eu gosto de passeios de mãos dadas. E meu "raio X da alma" apontou que essas coisas estavam me fazendo imensa falta.
Por isso resolvi virar tudo de cabeça para baixo, mandar alguns trabalhos à merda e os canalhas pra casa do caralho. Isso me fez muito bem, ou eu ainda estaria trabalhando em lugares que não me dariam futuro, rodeado de ratos, me desvalorizando e não tendo tempo para as coisas que gosto. Agora o caminho está livre, no máximo com três ou quatro infelizes me praguejando, o que, confesso, me diverte.
Em 2009 só me aconteceram coisas boas, e como não acredito em Deus ou qualquer outra coisa que não seja a consequência de meus próprios atos, sinto-me orgulhoso.
Já 2008 foi um ano ruim, péssimo em todos os sentidos. Foram tempos de escuridão, de tristezas, de um vazio imenso que se transformou em desistência.
Eu me achava tão baixo que acreditava que nenhuma garota bacana se interessaria por mim, então eu desisti até do amor, que sempre foi o que mais procurei, e, embora acostumado a mulheres bonitas, inteligentes e perfumadas, me permitia ir pra cama surrada de um hotel de quinta com quem eu podia trepar sem beijar na boca e ir embora na manhã seguinte como se não tivesse acontecido nada.
Eu acreditava que merecia o buraco em que estava, até que um dia eu me enchi e resolvi procurar as coisas com as quais sonhava. Era isso ou pendurar-me numa corda.
Eu me dei uma nova chance, reconquistei velhas amizades, conquistei muitas outras, desmascarei alguns canalhas, voltei a ter orgulho do meu trabalho e, novamente procurando mulheres interessantes, encontrei meu grande amor.
Tenho a plena certeza de que estou no caminho certo, e que em 2010 colherei bons frutos, afinal, eu livrei-me as sementes podres, exterminei os vermes e cuidei das mudas com carinho. Daqui pra frente é tudo bem mais fácil.
E não há nada melhor do que estar exatamente onde se quer estar!
Na LUTA!
Adriano Pacianotto
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