terça-feira, julho 30, 2019
Metrópole
Minha cidade tem muitas igrejas
Pastores, senhores e velhas bandeiras
Igrejas intrujas sempre mais cheias
Vidas inócuas e muitas besteiras
Minha cidade tem ódio a espreita
Asfalto, fuligem, sangue e truculência
Tem gente que ataca o sujeito que pensa
Tem gente que vive de pura aparência
Minha cidade tem almas desertas
Tem gente sem casa, tem gente sem terra
Tem muitas doenças e muitas sequelas
Pra onde se olhe a esperança se encerra
Minha cidade tem guardas e reis
Amores atônitos cheios de guerra
Mil pecadores na missa das seis
Cheiro de azedo, de sonho que erra
Minha cidade tem cheiro de mijo
De merda, de fome, de febre, de lixo
Minha cidade é esconderijo
De pragas, de crenças, de shoppings e vícios
Minha cidade tem muita notícia
Tem muito drible pra pouca ginga
Tem governante integrando milícia
Tem muito Batman e muito Coringa
Minha cidade tropeça no incerto
O mito dos tolos está na vanguarda
O diabo transforma tudo em deserto
E ficamos sem preces nem anjo da guarda
(Adriano Pacianotto - São Paulo, 30/07/2019)
Sujo e Manchado
Sigo perdido
No Tempo e no Espaço
Semblante sofrido
Visível cansaço
Olhar invisível
E puro embaraço
Café requentado
Em copo de vidro
Tão velho e fodido
Tão sujo e manchado
Parece comigo
Parece passado
(Adriano Pacianotto)
quinta-feira, julho 11, 2019
Caravana Histérica
Na violenta fé da caravana histérica
A pós-verdade é tão somente enfeite
Adorno chulo para a vida tétrica
Do ser terrível que corrói a mente
Enquanto o mastro solitário e triste
Suporta o peso da bandeira morta
A velha Era vem de arma em riste
E afronta a turba que sucumbe e chora
São Paulo, 10/07/2019
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